Antes de falar em aprendizagem de adultos, é importante entender o conceito de adulto. O que é ser adulto? É ser responsável, ter experiências, desenvolvimento físico, maturidade? Do ponto de vista da filosofia, o conceito deriva de duas noções: maturidade e maioridade, sendo o equilíbrio entre a adolescência e a velhice. Para a psicologia, o conceito de adulto é relativo aos estágios de desenvolvimento, sendo que o mesmo é o que sucede o da adolescência. No ponto de vista da psicanálise (Freud) ser adulto “é quando a criança, ao crescer, vê que ela está destinada a permanecer para sempre uma criança, que ela não poderá nunca viver sem uma proteção contra as potências superiores e desconhecidas, ela empresta a estas, traços de autoridade paternal, ela cria deuses”.
O homem é um ser em constante transformação, mudança, crescimento até chegar na fase adulta. O homem completo e acabado não tem mais nada a aprender, não é um verdadeiro homem. O verdadeiro é um homem inacabado, onde a cada dia sem cessar aprende, cresce, amadurece.
Em relação a educação com o adulto, o objetivo não é superar a infância, mas sim evitar o infantilismo. O adulto necessita de educação tanto quanto a criança, a pessoa adulta é capaz de educar a si mesma. Nesse sentido se formou a andragogia (educação para adultos) que tem em seu conceito de ensino e aprendizagem a troca de experiências através de técnicas vivencias.
Abordando o tema aprendizagem, é importante analisar as teorias: behaviorismo, construtivismo, sócio-construtivismo, ciências cognitivas e escola crítica.
O behaviorismo configura a aprendizagem que ocorre por uma modificação do comportamento provocada por estímulos vindos do ambiente (Skinner). A aprendizagem é focada no castigo para inibir comportamentos ruins, através disso o educador “instruía” melhor a pessoa, condicionando o comportamento (condicionamento operante), premiando quando está certo, punindo quando está errado.
As implicações no behaviorismo na aprendizagem são rotinas de aprendizagem, um ensino programado, repetições onde limita a construção do conhecimento do educando.
O construtivismo é o contrário do behaviorismo, a partir de propostas de ensino que o educando tem que ser mais ativo, ele constrói o seu conhecimento, estimulando a construção. O construtivismo leva em conta o conhecimento prévio, focado no individuo que tem que ser ativo, participativo, construindo as soluções, ao contrário do behaviorismo que dá o problema solucionado.
Jean Piaget dá o conceito do construtivismo “assimilação é a ação do sujeito sobre os objetos e, inversamente a acomodação é a ação do meio sobre o sujeito impelindo-o a ajustes ativos”. Nessa teoria se vê que a construção do conhecimento é ativa, oportunizando reflexões em ambientes interativos e desafiantes, encorajando à experimentação e à descoberta de princípios.
No sócio-construtivismo Vygotsky elaborou também uma teoria interacionista da aprendizagem porém enfatizando o componente social. Para ele a verdadeira direção do pensamento é do social para o individual e não o inverso.
É no social, no mundo exterior que há o conhecimento, o individuo vê em outro e desenvolve para fazer também, exemplo: funcionário novo que observa o funcionário antigo.
Primeiramente a criança “aprende” algo no coletivo apoiado por um adulto ou grupo social, em seguida ele desenvolve suas funções internas para efetuar aquilo sozinho, ou seja, ele interioriza.
A distância entre aquilo que ele faz com a ajuda dos adultos e fará sozinho depois é chamada de zona proximal de desenvolvimento, é neste espaço que a aprendizagem se efetua, há a construção socialmente.
No sócio-construtivismo as atividades são colaborativas, tendo oportunidades de discussão e reflexão, dando reforço à experimentação e descoberta compartilhada.
Saindo do sócio construtivismo entramos nas ciências cognitivas que traz a psicologia cognitiva desenvolvida a partir dos anos 60. Os cognitivistas procuram compreender o que se passa dentro da “caixa preta” do psquismo humano, especialistas de diversas ciências associaram-se nessa linha de pesquisa: neurociências, inteligência artificial, linguística entre outras.
As ciências cognitivas trabalham muito em cima da memória, de acordo com a nossa vivencia observamos as coisas, de acordo com a sua percepção. O cérebro faz uma triagem e todos os resultantes das informações recebidas, este filtro é necessário pois ele marca a diferença entre escutar e ouvir, olhar e ver. Nós construímos, ao longo dos anos, uma representação do mundo a nossa volta, por vezes, distante da realidade. É preciso levar em conta as representações dos educandos para confrontá-las com informações novas visando modificar as concepções.
Em relação a resolução de problemas, a psicologia cognitiva mostra que dois tipos de estratégias podem ser utilizadas para resolver um problema: numa primeira o sujeito parte do objeto a ser atingido e o decompõe em sub-objetivos sucessivos. Na segunda, o sujeito deduz (em geral por analogia a uma situação conhecida) um plano de ação, e em seguida, aproxima-se da solução por correções sucessivas.
Para a teoria das inteligências múltiplas, dentro das ciências cognitivas, existem pelo menos sete estilos de aprendizagem (Howard Gardner, psicólogo da Universidade de Harvard), são elas:
· Físico (indivíduo que usa muito a expressão corporal)
· Interpessoal (indivíduo extrovertido)
· Intrapessoal (individuo introspectivo)
· Linguístico (aqueles que se expressam melhor com as palavras)
· Matemático (os que usam mais o pensamento/raciocínio lógico)
· Musical (se interessam mais por sons e música)
· Visual (exploram mais o aspecto visual das coisas)
E por fim a escola crítica, ela lança uma primeira questão antes da tradicional “como se aprende?”, “para que se aprende” e “para quem se aprende”. A pessoa tem que ser auto-suficiente para saber o que está aprendendo, para quê e por quê. Ninguém aprende sozinho, todos aprendem em conjunto, em hierarquia “aluno-professor”, onde o educador passa o conhecimento de acordo com a realidade do educando, de acordo com a sua linguagem.
A escola crítica enfatiza o sentido da aprendizagem, Paulo Freire foi seu principal expoente com sua experiência na alfabetização de adultos utilizando a relação dos conteúdos com a vida concreta do educando com o objetivo de conscientizá-lo. Ela traz implicações como a reflexão sobre os objetivos e aplicação prática, atividades contextualizadas, o encorajamento à experimentação e descoberta individuais e/ou compartilhados.
Com essas informações, identificamos 8 principais métodos de aprendizagem nas teorias:
· Reprodução: aprender imitando alguém
· Recepção: aprender por recepção-transmissão
· Exercitar: aprender praticando
· Explorar: aprender procurando informações
· Experimentar: aprender testando hipóteses
· Debater: aprender para discussão e compartilhamento de idéias
· Inovar: aprender desenvolvendo novas soluções, estimulando para desenvolver coisas novas
· Auto-avaliar-se: aprender por auto-avaliação
Profissionais da Engenharia Mecânica, por exemplo, em sua grande maioria utilizam da Pedagogia Tradicional (Behaviorismo) em seus treinamentos. Já os profissionais dos Estudos Sociais utilizam em grande maioria a Pedagogia Libertadora (Sócio-Construtivismo). Isso mostra como a formação acadêmica “molda” a forma de aprendizagem dos profissionais.
Nenhum treinamento pode ser totalmente construtivista ou behaviorista, mas há grande necessidade de se mesclar as teorias de aprendizagem para obter o melhor resultado, por isso é muito importante o instrutor ser “aberto” as correntes pedagógicas e utilizar partes de cada uma e ter um plano de treinamento completo, didático e dinâmico, mas para isso ocorrer é necessário conhecer previamente o perfil da turma que irá trabalhar, assim ele irá realizar um estudo prévio e o resultado final será positivo.
Parabénsss adorei o seu blogger
ResponderExcluirme ajudou muito no seminário de apredizagem que eu apresentei.
obrigado!!!